quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Bola Enlinhada

BOLA ENLINHADA

Hellio Campos

Uma bola mágica encordoada
Redonda, caprichosamente redonda!
Ajustada com esmero de um artesão
Que com o barbante na mão
Guiava cada volta dando-lhe o formato
De uma bola encantada em alegria

Quando chegava ao seu destino
Na praia da Avenida, Paciência ou Areia Preta
Os peladeiros já esperavam ansiosamente
Pegavam, olhavam, elogiavam e experimentavam
Com um chute para o alto, bem alto, na direção do céu

Todos olhavam a bela trajetória, o subir e descer
Admirados, com aquele peculiar ar juvenil
Estavam preparados para a mais árdua disputa
O prazer por mais um benfazejo chute
Que sacramentava de vez o batismo da bela enlinhada


Naquele instante era só alegria e rostos sorridentes
Pensamento voltado para a senhora majestade
A bola enlinhada, que garbosamente rolaria
Incitando a molecada rio-vermelhense a correr
Desbragadamente plena de felicidade

A bola de barbante era simplesmente fascinante
Tinha um poder grandioso de aglutinar pessoas
De fazer amigos, no seu jogo da vida.
No bate, rebate, do encontro e desencontro
Tocava sutilmente o coração daqueles fies peladeiros

Na correria desenfreada atrás da gorducha enlinhada
Ora na areia fofa, ora no espelho d’água
Estava a esperança de ser grande, a fé de ser gente
A certeza de trilhar os caminhos do seu verdadeiro eu
Motivada pela magia exuberante da bola enlinhada

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